Organizações do Partido analisam greve geral

Resposta combativa <br>à ofensiva das troikas

No res­caldo da­quela que foi uma das mai­ores greves ge­rais re­a­li­zadas em Por­tugal, as or­ga­ni­za­ções do Par­tido ana­lisam os seus re­sul­tados e apontam a in­ten­si­fi­cação da luta como o ca­minho para der­rotar o Go­verno, a troika e a sua po­lí­tica.

A greve geral teve um forte im­pacto no sector pri­vado

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Em Lisboa, o Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Par­tido, num co­mu­ni­cado emi­tido poucos dias de­pois da greve geral, co­meça por des­tacar que os tra­ba­lha­dores do dis­trito de­mons­traram, com a sua par­ti­ci­pação, que «há força bas­tante para acabar com esta po­lí­tica e com este Go­verno».

Re­al­çando a adesão ve­ri­fi­cada em muitos ser­viços da Ad­mi­nis­tração Cen­tral e Local, o Par­tido chama a atenção para o im­pacto da pa­ra­li­sação no sector dos trans­portes (Metro pa­rado, Carris a 85 por cento, EMEF pa­ra­li­sada, CP e CP Carga re­du­zidas aos ser­viços mí­nimos, 70 por cento dos voos can­ce­lados no ae­ro­porto) e em em­presas do sector pri­vado.

Neste úl­timo caso, o PCP re­alça que a par­ti­ci­pação su­perou a re­gis­tada nas úl­timas greves, tendo muitas em­presas es­tado com a pro­dução pa­rada. De re­alçar é ainda a adesão no co­mércio e na cul­tura. Apesar do tra­balho pre­cário e dos baixos sa­lá­rios, das muitas ten­ta­tivas de li­mi­tação do di­reito à greve, a «res­posta dos tra­ba­lha­dores foi forte e digna».

No Porto, a par­ti­ci­pação em mi­lhares de lo­cais de tra­balho foi «gran­diosa», va­lo­riza a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do PCP, que fala «numa das mai­ores» greves ge­rais até hoje re­a­li­zadas. Para o Par­tido, a pa­ra­li­sação «en­volveu tra­ba­lha­dores pre­cá­rios e efec­tivos, do sector pri­vado e do sector pú­blico, que se uniram numa clara afir­mação de que é pre­ciso acabar com este Go­verno e com estas po­lí­ticas de di­reita, antes que elas acabem com o País».

Es­pe­cial des­taque é dado à «adesão im­pres­si­o­nante» no sector dos trans­portes, que fez com que não ti­vesse cir­cu­lado ne­nhum au­to­carro dos STCP e que ne­nhum com­boio da CP com par­tida do dis­trito tenha saído da es­tação, para além da au­sência de li­ga­ções do Metro do Porto a vá­rios con­ce­lhos. No ae­ro­porto, de­zenas de voos foram can­ce­lados. «Mar­cante» foi a par­ti­ci­pação dos tra­ba­lha­dores da in­dús­tria trans­for­ma­dora, «onde vá­rias em­presas com cen­tenas de tra­ba­lha­dores re­gis­taram ín­dices de adesão mas­siva».

Adesão sig­ni­fi­ca­tiva na in­dús­tria

Para o Exe­cu­tivo da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal do PCP, a greve geral «cons­ti­tuiu, pela sua di­mensão e com­ba­ti­vi­dade, uma inequí­voca ex­pressão da am­pli­ação do des­con­ten­ta­mento e do pro­testo», tendo tido na re­gião um «pro­fundo im­pacto em todos os sec­tores de ac­ti­vi­dade». Em grandes con­cen­tra­ções in­dus­triais da re­gião, como a Lis­nave, a EMEF, a Au­to­eu­ropa, o Ar­senal do Al­feite ou a Tan­quipor, não houve pro­dução, en­quanto que nou­tras deram-se «ade­sões sig­ni­fi­ca­tivas e pa­ragem de li­nhas de pro­dução». A me­recer re­alce está também, para além do sector dos trans­portes, a adesão nas lotas de Se­simbra e Se­túbal, com ní­veis entre os 90 e os 100 por cento.

Os co­mu­nistas de Se­túbal re­alçam ainda que a «luta contra a ex­plo­ração, a pre­ca­ri­e­dade e o de­sem­prego, em de­fesa dos postos de tra­balho e sa­lá­rios dignos, é parte in­te­grante do ca­minho para a su­pe­ração da si­tu­ação criada pela po­lí­tica de di­reita e para a al­ter­na­tiva de que o País pre­cisa».

Em Aveiro, a greve teve igual­mente um grande im­pacto em vá­rios ramos da in­dús­tria. Do sector au­to­móvel, des­taca-se a Re­nault Cacia, com a adesão a rondar os 75 por cento; na Amorim Re­ves­ti­mentos, do sector cor­ti­ceiro, o pri­meiro turno contou com uma adesão de 85 por cento. Na nota emi­tida no pró­prio dia 14 pelo Ga­bi­nete de Im­prensa da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do PCP, des­taca-se ainda a adesão nos trans­portes, no co­mércio e no sector fi­nan­ceiro.

Re­sistir à chan­tagem e à re­pressão

O Se­cre­ta­riado da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Al­garve do PCP des­tacou a adesão no sector da pesca, «de­sig­na­da­mente nas vá­rias lotas do Al­garve, a pa­ra­li­sação de muitas em­bar­ca­ções e o forte im­pacto na pesca do cerco ao longo de toda a costa», e em muitas em­presas da grande dis­tri­buição. No que res­peita a este sector, sa­li­enta-se as «con­di­ções par­ti­cu­lar­mente di­fí­ceis» em que os tra­ba­lha­dores tra­varam esta luta, que se saldou em «ade­sões sig­ni­fi­ca­tivas em vá­rias lojas da re­gião, de­sig­na­da­mente no Mi­ni­Preço de VRSA, no Pão de Açúcar de Olhão e no Jumbo de Faro».

Em Coimbra os co­mu­nistas va­lo­rizam a adesão no sector dos trans­portes e nos vá­rios sec­tores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, tendo ha­vido uma res­posta muito po­si­tiva em al­gumas in­dús­trias, como a fá­brica de má­quinas fo­to­grá­ficas Olimpus. Sau­dando os tra­ba­lha­dores que fi­zeram greve e os que «par­ti­ci­param mi­li­tan­te­mente nos pi­quetes du­rante toda a noite», a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Coimbra saúda es­pe­ci­al­mente os que «re­sis­tiram aos casos de ten­ta­tivas de con­di­ci­o­na­mento do tra­balho dos pi­quetes, em par­ti­cular, a grave, ilegal e vi­o­lenta in­ter­venção da GNR, com re­curso à co­acção e à agressão que im­pediu vi­o­len­ta­mente a acção do pi­quete de greve na es­tação fer­ro­viária da Pam­pi­lhosa do Botão».

Em Évora, re­alça a di­recção par­ti­dária, a greve foi um «sin­gular mo­mento de luta dos tra­ba­lha­dores do dis­trito». Entre as ade­sões sig­ni­fi­ca­tivas ve­ri­fi­cadas no sector pri­vado, o des­taque vai para a AIS, em Mon­temor-o-Novo, onde pela pri­meira vez os seus tra­ba­lha­dores ade­riram a uma greve geral. Con­firma-se assim, para o PCP, que esta greve geral «trouxe mais pes­soas e sec­tores de ac­ti­vi­dades para a rua, al­guns pela pri­meira vez, quer no sector pú­blico quer no sector pri­vado». 



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